O Museu mais modernista da cidade parecia, à primeira vista, para mim e muitos que conheço, uma nave futurista sem sentido ou uma aberração da arquitetura moderna. Mas hoje reconheço imensamente seu valor histórico, estético e identitário no que diz respeito ao cidadão curitibano.
O primeiro anexo, aquele mais quadradinho, ao lado do olho, foi projetado inicialmente em 1967 para ser sede do Instituto de Educação do Paraná. Mudou de propósito na data de inauguração, em 78, quando virou um local para burocracias estatais da época.

No geral, conhece-se o museu apenas pelo que vem após a construção do olho em si. A realidade é que essa transformação do local foi acontecer somente em 2001.
Um sentimento notório entre os trabalhadores das obras do museu no século XXI, foi retratado pelo fotográfo Nani Gois, no livro “O Olho de Curitiba”, ele relata que os mais de 600 trabalhadores envolvidos na obra, não sabiam exatamente qual seria o resultado prático da empreitada.
É comentado também que trabalhavam extremamente felizes, julgo que estariam ansiosos para desvendar e construir esse artefato extraterrestre.

O arquiteto em fotografia por Nani Góis
Dentro do museu também tem algumas fotos desse período de construção e adequação do espaço ao que vinha a ser de fato um museu.

O museu está a 30 m do chão. O olho flutua no cenário horizontal. É ótimo observar o museu por fora, para reparar os detalhes da interação do objeto com o céu.
Existem vários bares ao redor que se beneficiam dessa fama de que, no MON, tem um pôr do sol lindo. O cenário favorito de muitos moradores é quando o pôr do sol está bem alaranjado, e você pode observar a interação do que há de mais bonito da relação entre nosso globo e o sol, em contraste com essa fantástica megalomania alienígena.

E uma pausa aqui para os amantes de cachorros: o Parcão fica atrás do MON e é um lugar que tem uma interação muito bacana de vários tutores com seus animados pets.

A nave te propõe uma viagem por dentro do acervo.
O MON tem um acervo gigantesco e te envolve nele com todos os vãos que guiam em viagens cada vez mais profundas nas obras e cenários. Conta com exposições cíclicas e fixas. O destaque vai para todo o acervo sobre culturas africanas e asiáticas.
O MON tem hoje o maior acervo da América Latina de arte asiática. Conta com mais de 3 mil peças recebidas da coleção de um diplomata chamado Fausto Godoy.

Exposições que alimentam a alma com sentimento:
- Trilhos e Traços, que reúne diversas obras doadas pela família do Poty Lazarotto ao museu. A exposição foi inaugurada em 2024 com o intuito de comemorar os 100 anos de Poty Lazarotto. As obras, cheias de expressão artística pura, conseguem te fazer conhecer o repertório do lendário artista.

- Teia à Toa: essa exposição me levou para as antigas casas de vó e mãe. A mostra tem 70 obras do artista carioca Barrão. As esculturas são feitas de peças de cerâmica quebradas, de vasilhames antigos, daqueles clássicos. É incrível como ele consegue fazer uma mistura tão bagunçada formar uma obra tão rica e viva em essência. Em uma só escultura você vai viajar por vários cenários da infância e relembrar momentos em que esses tipos de recipientes eram utilizados.

O ponto final:
- Eles sempre reservam a obra de mais impacto para o último andar do olho, onde você fica realmente dentro do olho. Dá até para observar as curvaturas por dentro.

Extravagâncias – Joana Vasconcelos

Eva Jospin – Re-Selvagem
A conexão entre os acervos é feita de forma maestral. A cada corredor ou lance de escadas, você tem a vívida sensação de que está se lançando para um ambiente contemplatório.
O MON vai continuar sendo o maior destaque de Curitiba por motivos culturais. Sua história, sua concepção, sua criação e seu espaço vão continuar agindo como se fossem um acervo único dentro do museu de nossas mentes.
Fontes em breve


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